Hipótese de escrita
Segundo Artur Gomes de Morais, para compreender e dominar o sistema de escrita alfabética, a criança precisa responder a dois enigmas:
O que as letras representam?
Para responder a este enigma, a criança precisa descobrir que as letras representam graficamente os sons da fala. Para chegar a essa descoberta, ela precisa desenvolver consciência fonológica, atrelado a um trabalho de conhecimento das letras. Como as letras criam representações?
Para responder a esse enigma, a criança precisa descobrir a relação entre as partes orais e as partes escritas das palavras. Para isso, vai fazendo ajustes visando a correspondência entre o oral e o escrito, muitas vezes se valendo de repetições e alongamento de sílabas.
Aprendizado inicial da escrita
Para os métodos de alfabetização tradicionais, a aprendizagem da língua escrita é um processo de acumulação de informações transmitidas pelo professor e assimiladas de forma passiva pelo aprendiz. No entanto, as pesquisas da psicogênese da língua escrita revelaram uma postura ativa e curiosa das crianças pré-alfabetizadas, mostrando que elas pensam e criam hipóteses para entender o sistema de escrita alfabética. Essas descobertas levaram a modificações nas políticas, nos estudos e nas práticas escolares.
Como expõe Magda Soares, a adoção da perspectiva psicogenética, conhecida no Brasil como Construtivismo, trouxe consequências para o ensino da língua escrita: se, por um lado, revelou a importância de expor a criança a diferentes materiais e práticas reais de leitura e escrita, por outro levou a uma desvalorização do ensino sistemático das relações entre fala e escrita.
A aprendizagem da língua escrita, entretanto, tem muitas facetas, que demandam metodologias próprias, mas que devem ser integradas e articuladas pelo professor alfabetizador. Não se trata de negar à criança seu papel na construção desse conhecimento nem de negligenciar a importância das práticas de letramento