Hiperatividade
Ana Lydia Santiago Psicóloga e Psicanalista Membro da Escola Brasileira de Psicanálise Membro da Associação Mundial de Psicanálise Mestre pelo Département de Psychanalyse/Paris VIII Doutora em Psicologia Clínica/USP Professora do Mestrado em educação/UFMG analydia.bhe@terra.com.br Resumo
Os psicanalistas são cada vez mais confrontados a este sintoma de uma época que são as diversas práticas concernentes às marcas corporais. Nossa disciplina porém, se interessa pelas marcas invisíveis ou inconscientes do discurso do Outro que se manifestam por meio dos sintomas. Nesse artigo, apresentamos o tratamento de um jovem diagnosticado como portador de TDAH, revelando que sob o anonimato da etiqueta científica, trata-se neste caso dos efeitos inconscientes do laço singular de um sujeito ao discurso materno.
Mais do que nunca, a abordagem clínica com os jovens pacientes tem levado o psicanalista a considerar este sintoma de uma época que são as diversas práticas concernentes às marcas corporais. Também o antropólogo (Le Breton, 2002), diante da atualidade e da propagação dessas práticas, explicita que elas estão a serviço de uma busca desenfreada de identidade. Se a indústria do design corporal se difunde tão rapidamente é porque estas marcas são concebidas como verdadeiros “signos de identidade” [1]. Segundo ele, o corpo tornou-se uma espécie de prótese da imagem de si e sobre ela o sujeito ambiciona obter uma encarnação para dar sentido à sua presença no mundo. Não se tem notícia, em outra época, de uma tal generalização destas práticas que visam imprimir sobre o corpo marcas que conferem significação à existência. As tatuagens, os piercings, os stretching ou as transformações corporais por meio de cicatrizes, queimaduras e, mesmo, as distorções imputadas ao corpo na busca de uma bestialização da imagem, são marcas visíveis, que adquiriram, na cultura, um valor positivo[2].
Mesmo que seja uma prática que se