Herói por Acidente: A Fabricação do Herói Através da Mídia
Tatiane Batista Ramos
O filme Herói por Acidente (Hero, EUA, 1992), narra histórias de três personagens que acabam por se entrelaçar no decorrer da trama. Gale Gayle é uma jornalista ambiciosa, bem-sucedida e que faz de tudo por uma boa matéria. Bernie LaPlante é um homem falido, egoísta, mau humorado, largado pela esposa, que divide seu tempo entre pequenos furtos e golpes, burlar a justiça e as tentativas frustradas de recuperar a amizade do filho. E John Bubber é um mendigo que se torna um herói produzido pela mídia. O fazer jornalístico e a influência da mídia sobre a massa é bastante visível no filme. Gale vive em busca de uma matéria que lhe devolva a humanidade perdida nas reportagens que faz sobre suicídios, e encontra a oportunidade perfeita quando o avião em que estava cai de forma inesperada. O que dá mais entusiasmo a matéria é o fato de um simples civil ter entrado no avião, em chamas, com intenção de salvar o pai de um garotinho e acaba por salvar todas as pessoas que estavam presas dentro da aeronave. Ao praticar esse ato heroico, o homem simplesmente desaparece, deixando no local apenas um sapato. A mídia, em busca de audiência, procura a qualquer custo dar um rosto ao “Anjo do voo 104”. E consegue mediante a uma recompensa de um milhão de dólares. Um morador de rua se torna um homem rico e idolatrado por todo o país em questão de pouquíssimo tempo. A mídia desenterra todo o histórico de vida de Bubber e faz com que pareça ainda mais merecedor de honras. No filme há um conflito de dois heróis, um, aparentemente, sem caráter que foge aos estereótipos e outro que é uma farsa, um produto da mídia. Porém, o segundo é o que mais se adequa àquilo que o publico espera. É perceptível, ao longo da trama, que para a mídia as necessidades de mercado se sobressaem aos valores humanísticos; ser o primeiro, exclusivo e ter uma boa imagem é o que importa no negócio. A mídia possui um caráter