Hermeneutica
MARIA DE JESUS MARTINS DA FONSECA ∗
Nota de Abertura
Há muito tempo que tínhamos a intenção de realizar este trabalho, retomando um tema que, desde os bancos da Universidade, ficou de ser aprofundado pelo interesse que então nos despertou.
Naquela altura, a disciplina de Hermenêutica tinha sido introduzida no plano curricular do curso há pouco tempo e a temática constituía uma novidade. Ao tempo, também ainda não existiam traduções publicadas em português da obra de Ricoeur, embora isso não constituísse problema, porquanto as obras estavam acessíveis nas livrarias, na língua original em que foram publicadas, por um lado, e, por outro, porque, mesmo que existissem traduções portuguesas, sempre os professores nos instavam a ler na língua original em que a obra fora publicada, pelos claros benefícios que a prática implicava, quer a nível do domínio dessas línguas estrangeiras, quer a nível da compreensão do texto. Também não existia, na altura, bibliografia significativa na área em causa, e a pouca que havia encontrava-se na língua original em que tinha sido publicada, ou em traduções, elas também, em língua estrangeira, bem ainda como não existia o conjunto de estudos hoje disponíveis, inclusive em Portugal, não só sobre a temática hermenêutica em geral, como, especificamente, sobre Ricoeur e o seu pensamento.
Por algumas das razões acima expostas, não se estranhe, pois, que tenhamos optado neste artigo por manter as citações na língua original. Também não se estranhe o facto de termos optado neste texto por apresentar abundantes citações do autor, o que corresponde a uma intenção deliberada de ilustrar o pensamento do autor pelo próprio autor, no sentido de dar a voz ao próprio Ricoeur, em discurso directo e original, e de modo a que seja ele a apresentar-se e a representar-se a si próprio.
Surgiu agora a oportunidade de realizar esse projecto antigo, mas, como sempre, a ambição inicial ficou aquém da