Henri bergson

1263 palavras 6 páginas
Henri Bergson (1859-1941) é habitualmente «catalogado» como um espiritualista que se opôs ao positivismo de Comte e ao cientismo de Spencer e Darwin. A verdade é que, embora não depreciando a ciência e o conhecimento discursivo, nunca abdicou do método intuitivo mesmo ao trilhar os terrenos da biologia e da psicologia. E será a via da intuição que elegerá para aceder à estética, à metafísica, à moral e à religião.
O livro «As duas Fontes da Moral e da Religião» foi publicado em 1932, após vinte e cinco anos de preparação. Antes, o pensador já dera à estampa as suas outras três obras fundamentais, todas inseridas no Index pela Santa Sé em 1914: «Ensaio sobre os Dados Imediatos da Consciência» (1889), «Matéria e Memória» (1896) e «A Evolução Criadora» (1907). Tratava, agora, de distinguir, por um lado, «moral fechada» e «religião estática», características de sociedades onde predominam a pressão e o constrangimento, e, por outro, «moral aberta» e «religião dinâmica», que resultariam do surgimento de personalidades cujo comportamento atrai e cativa aqueles que são confrontados com o seu exemplo. A «moral aberta» e a «religião dinâmica» seriam as do herói, do profeta, do «sage», do santo. Existiriam duas fontes da moral, a obrigação e a aspiração, que nunca encontraríamos em estado puro. Na obrigação, manifestação incessante da pressão social, repousaria a actividade da grande maioria dos homens. Mas, a par desta moral fechada, surgiria a moral aberta, criada por seres excepcionais, que se transformariam em modelos vivos de uma nova justiça, de uma nova fraternidade, de uma nova serenidade. Algo semelhante se passaria com o mito e a magia da religião estática, a que se oporia o ímpeto místico da religião dinâmica. Opondo-se ao kantismo e ao hegelianismo, numa época marcada pelo positivismo e pelo cientismo triunfantes, o filósofo ousa debruçar-se sobre a metafísica, concitando as críticas de racionalistas, neotomistas e idealistas, além da implacável diatribe do

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