Hemorragia digestiva alta

INTRODUÇÃO

A hemorragia digestiva alta (HDA) é a urgência em gastroenterologia mais comum e possui uma morbimortalidade importante.
A HDA é definida como o sangramento intraluminal de qualquer localização situada entre o esôfago superior e o ligamento de Treitz. O sangramento gastrintestinal alto não-varicoso resulta da lesão da mucosa esofágica ou gastroduodenal com ulceração ou erosão de um vaso subjacente; ao passo que o sangramento gastrintestinal varicoso tem origem na ruptura das varizes gastroesofágicas.

EPIDEMIOLOGIA

A incidência anual está compreendida entre 48 e 160 casos por 100.000 adultos por ano, com incidência maior entre homens e idosos. Nos Estados Unidos da América, para pacientes com e sem complicações de HDA, a duração média do internamento foi de 4,4 e de 2,7 dias respectivamente, e os custos de 5632 dólares e 3402 dólares respectivamente.
Maiorias dos estudos relataram uma redução significativa na incidência da HDA, especialmente a úlcera péptica sangrante, nos últimos anos. Esta diminuição é provavelmente devido a uma combinação de fatores, incluindo a redução da prevalência de colonização gástrica por Helicobacter pylori, a utilização de terapia de erradicação em pacientes com doença ulcerosa, e o aumento da utilização da terapia inibidora da bomba de prótons, tanto em pacientes em geral como em pacientes em uso de aspirina e de AINEs, em particular.
Apesar da introdução da endoscopia terapêutica e terapia de supressão ácida, a mortalidade global da HDA manteve-se estável nas últimas décadas, mantendo-se entre 6% a 14%. Vale lembrar que a mortalidade por HDA está fortemente associada com a idade avançada, a presença de comorbidades graves e a novo sangramento.
Úlcera péptica sangrante é a causa mais comum de HDA, respondendo por 31%-67% dos casos, seguido de doença erosiva, sangramento das varizes, esofagite, doenças malignas e síndrome de Mallory-Weis. Em 2% a 8% dos casos, as causas incomuns, como a lesão de Dieulafoy,