Helio duarte
Decerto Hélio de Queiroz Duarte foi um arquiteto moderno com o perfil mais improvável entre seus pares de geração. Heróis da prancheta, realizadores de edifícios e cidades da utopia moderna, ele se distinguiu de seus contemporâneos ademais por perseguir outra utopia: a da educação. Arquiteto que enfrentou toda gama de projetos educacionais, de creches a cidades universitárias, seu esforço não foi apenas o de materializar os lugares de ensinamento. Hélio Duarte foi dos poucos modernos a abraçar uma dedicada carreira acadêmica paralela à sua atuação de prancheta. Ele foi o principal responsável pela criação do mais antigo e prestigioso programa de pós-graduação do Brasil, o da FAU USP, e foi o “inventor” dos trabalhos de graduação interdisciplinar, hoje consagrados em todas as escolas. Peregrino, suas obras e presença se disseminaram no Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Ceará e Brasília. Não foram poucos os rastros deixados pelo arquiteto carioca. Como um profissional que se sobressaiu na prática da doutrina moderna, Hélio Duarte num certo sentido representa o quase lugar-comum da trajetória da geração de arquitetos que aprendeu arquitetura na tradição Belas Artes e volveu-se para a modernidade. Nascido a 26 de novembro de 1906 no Rio de Janeiro, Hélio de Queiroz Duarte freqüentou a Escola Nacional de Belas Artes entre 1925 e 1930. Conquistou a Medalha de Prata ao concluir o curso de engenheiros-arquitetos, e recebeu o Prêmio Minerva no XIII Salão Oficial de Belas Artes desse ano. E como consta freqüentemente dos currículos dos jovens arquitetos da época, ele participou na exposição do IV Congresso Pan-americano de Arquitetura do Rio de Janeiro, em 1930. Conforme descreveu Abelardo de Souza, na introdução de seu livro Arquitetura no Brasil: depoimentos, a formação acadêmica de Hélio Duarte esteve distante dos princípios modernos em voga na Europa e sua passagem pela ENBA foi anterior à fracassada mas conseqüente