Martin Heidegger, em Ser e Tempo, averigua sobre o tempo se revelar como o horizonte do ser, sobre a possibilidade de haver algum caminho que leve do tempo existencial ao sentido do ser. Assim, é criado um paralelo entre o tempo existencial e a função que este exerce sobre o ser. Neste ponto é necessário ressaltar um dos temas-chave de Heidegger: o homem pode transcender, o que significa que o homem está capacitado a atribuir um sentido ao ser. “Produzir diante de si mesmo o mundo é para o homem projetar originariamente suas próprias possibilidades” (Heidegger, 1999, p. 9). E as tais possibilidades nada mais são do que acopladas ao fator tempo, igualmente causa e conseqüência do mesmo. Se estivéssemos confinados a um momento apenas, não haveria possibilidades. É a expansão do hoje que faz com que a vida seja ampla, e o que possibilita ao homem mudar sua forma de ser e agir. É nesse sentido que Heidegger emprega a “capacidade de transcender-se”, pois é principalmente em relação a si mesmo e ao seu futuro que o homem não cessa de transcender. O homem caminha em função do tempo, age em função do tempo, regride em função do tempo, como num gráfico imaginário. O sentido que comanda a existência é o fato de esta existência não se bastar em si e, ainda, não pertencer a uma só fase. Por conseguinte, ser não se resume ao ser hoje. Ser é um universo amplo de passado, possibilidades e perspectivas. Heidegger estabelece um paralelo entre o ser cotidiano, por ele considerado aquele cuja forma de existência é inautêntica, e o ser que transcende. Entretanto, não diferencia os dois, pois uma característica não depende diretamente da outra. O ser que transcende existe como uma espécie de antecipação de suas possibilidades; vive em função de tornar-se o que deseja. O desvio de cada indivíduo dessa meta, por motivo das preocupações cotidianas que acabam tornando-se causa de distração, é considerado, para Heidegger, a ruína. A ruína seria um abandono do “eu