Hegel e Marx
A Alemanha em meados do século XIX é o lugar propício para se inaugurar uma nova forma de conceber o mundo, o lugar do homem e a história. Dominada intelectualmente pelo idealismo hegeliano e economicamente por uma burguesia, a Alemanha deixa ver seus trabalhadores famintos, explorados, tendo por propriedade somente a sua prole.
A Ideologia Alemã, obra de Karl Marx e Friedrich Engels representa o ponto de ruptura em um sistema ideológico fundamentado no “sucesso” do capitalismo. No entanto, para melhor compreender as noções propostas pelos autores d’ A ideologia alemã, é necessário resgatar propriamente a ideologia a qual os citados autores se referem, vale dizer que neste primeiro momento abordaremos o idealismo hegeliano.
Hegel acreditava em uma cosmovisão metafísica da história, ou seja, acreditava em um ente governador do cosmos – o qual vai denominar Espírito, por vezes, Razão Universal -, cuja vontade se manifesta no tempo e no espaço, vale dizer, na história, que por sua vez é universal. Para ele, a história é um processo racional: mesmo sendo o Espírito o princípio da história, suas formas de manifestação são concretas, fenomênicas, podendo ser apreendida de forma empírica pela ciência histórica1. Diz-se da visão hegeliana idealista, uma vez que retira dos homens a responsabilidade pelo curso da história, atribuindo-a a um ente metafísico, ideal, cuja essência é a liberdade:
Mas a filosofia ensina que todas as qualidades do Espírito existem apenas através da Liberdade; que todas elas não passam de meios para atingir a Liberdade; e que é isto e apenas isto que procuram e produzem. Resulta da Filosofia especulativa que a Liberdade é a única verdade do Espírito (HEGEL, In GARDINER, p. 74)
Para Hegel, o Espírito age através de indivíduos que chamou de indivíduos histórico-cosmos, que representam o movimento dialético do Espírito, cuja consequência é a