Haydn segundo vila lobos
Composto em 1942, o Quarteto de Cordas nº 7 de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) é o mais extenso de seus 17 quartetos de cordas e considerado como uma de suas obras mais complexas. Dentre os comentaristas dessa obra em particular, destacam-se as opiniões de Arnaldo Estrella, Vasco Mariz e Eero Tarasti:
[O quarteto nº 7 é] o mais difícil dos quartetos de Villa-Lobos. Longos traços virtuosísticos, de execução transcendente, são confiados a cada um dos quatro componentes do conjunto.
Não há armadura de clave. Por vezes, um tom aflora, chega mesmo a afirmar-se. No primeiro movimento é o tom de Dó Maior o que mais reponta, e, afinal, lhe serve de conclusão, numa ampla cadência plagal, que engloba no quarto grau, o acorde da dominante (ESTRELLA, 1970, p.59).
[...] sem armadura de clave, virtuosístico ao extremo para cada Executante, impreciso tonalmente, talvez o mais difícil da série para os intérpretes. Nele perpassa um turbilhão de ideias, bailando desenfreada e intensamente, entrelaçando-se à maneira do Ulisses, de Joyce, num esforço sobre-humano para extravasar a alma torturada do artista. Sentimentos contraditórios são expostos por um instrumento e imediatamente repetidos pelos outros, até chegarmos ao Allegro vivace, que encerra o 1º movimento de grandiosidade inigualável (MARIZ, 1989, p.159).
Ele [o quarteto nº 7] poderia ser considerado quase como uma sinfonia arranjada para um quarteto. Ambivalente na tonalidade, consideravelmente mais complicado estruturalmente que qualquer dos quartetos anteriores, igualmente o mais virtuosístico em seu tratamento instrumental, de brilho quase orquestral (TARASTI, 1995, p.309).
O objetivo deste estudo é uma investigação mais minuciosa de aspectos formais e estruturais da obra, sua organização harmônica e temática, além de discutir a releitura do estilo de Franz Haydn e da forma-sonata do século XVIII, filtrados de acordo com o estilo de Villa-Lobos.
O Allegro oferece os costumeiros desafios à análise, típicos da