Harvey
David Harvey
Do Fordismo à Acumulação Flexível Apesar de cronologicamente situada em 1973, a crise do fordismo já apresentava seus primeiros sinais na década de 1960. Na época, a recuperação da Europa Ocidental e do Japão tinha se completado, seu mercado interno estava saturado e o impulso para criar mercados de exportação para os seus excedentes tinha de começar. Mas a queda da produtividade e da lucratividade corporativistas depois de 1966 marcou o começo de um problema fiscal nos Estados Unidos que só seria sanado às custas de uma aceleração da inflação, o que começou a solapar o papel do dólar como moeda-reserva internacional estável. A rigidez dos compromissos do Estado foi se intensificando à medida que programas de assistência (seguridade social, direitos de pensões etc.) aumentavam sob pressão para manter a legitimidade num momento em que a rigidez na produção restringia expansão da base fiscal para gastos públicos. O único instrumento de resposta flexível estava na política monetária, na capacidade de imprimir moeda em qualquer montante que parecesse necessário para manter a economia estável. Além da crise monetária gerada pela estagflação (estagnação econômica atrelada à inflação), houve a crise do petróleo, o que gerou uma alta considerável no preço internacional do petróleo, fazendo com que todos os segmentos da economia buscassem alternativas para economizar energia. O período de 1965 a 1973 tornou cada vez mais evidente a incapacidade do fordismo e do keynesianismo de conter as contradições inerentes ao capitalismo. Na superfície, essas dificuldades podem ser melhor apreendidas por uma palavra: rigidez. Com a crise do petróleo, que abalou o custo energético da produção dos países centrais, e a estagflação, o mercado retraiu-se, não podendo mais suportar a produção em massa e rígida do fordismo. Assim, houve problemas no investimento de capital constante e de capital variável vinculado à