HANSEN, João Adolfo. Eu nos faltará sempre. In: BECKETT, Samuel. O inominável, p. 7-25.
432 palavras
2 páginas
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOPROF. DR. WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO
ESTUDOS LITERÁRIOS II
HANSEN, João Adolfo. Eu nos faltará sempre. In: BECKETT, Samuel. O inominável, p. 7-25.
João Adolfo Hansen, em, “Eu nos faltará sempre”, prefácio da obra, ‘O Inominável’ de Samuel Beckett, expõe de forma clara e objetiva a temática apresentada no livro. Ele diz que, "O inominável” trás pensamentos que são evocados através de uma voz, que não tem exatamente um ser humano como dono. Velha e humilhada, a voz está cansada. Não disso ou daquilo, mas da condição humana, do seu lugar na linguagem. A voz não quer falar sobre coisas. Não quer significar conceitos. Não quer se expressar. Não quer orientar a fala por um sentido. A voz supõe que a coisa dita e a ouvida têm a mesma procedência que ela, mas sem especificar onde. Hansen destaca que geralmente se acredita que o corpo é uma unidade decorrente da integração de partes, membros e órgãos. O corpo que a voz de ‘O Inominável’ figura sendo o seu não tem essa unidade suposta. Faltam-lhe órgãos. Dessubjetivado é cômico, e não porque faça rir. O humor negro da invenção dele é feroz, mas não faz rir. O que Beckett faz, é criar um ser com tamanhas limitações físicas, que não é nem percebido como um homem. O corpo que a voz inventa se repete deformado em si, sem nariz, sem orelhas, sem sexo, encharcado de lágrimas involuntárias que choram sem parar por nada e por ninguém. A eliminação da representação unitária do corpo equivale à ausência de instâncias válidas de subjetivação que é acusada pela voz. Beckett não só destrói a forma unitária do corpo que ele inventa, não só esvazia as significações e os sentidos pressupostos como unidades na representação orgânica que ela elimina, mas situa a voz aquém da sua identificação como simples eu pronominal. Hansen observa que a voz de “O Inominável” não é absurda nem louca, pois, domina plenamente sua ficção e sempre sabe o que não quer. A voz é ferozmente lúcida, não