Hannah Arendt

1840 palavras 8 páginas
Revista Ética & Filosofia Política (Volume 9, Número 1,junho/2006)

Hannah Arendt (1906-1975)
Adriano Correia*
Initium ut esset homo creatus est (para que houvesse um início o homem foi criado). Esta frase de Agostinho de Hipona é seguramente a citação mais recorrente em toda a obra de Hannah
Arendt, mesmo que ainda não apareça na sua tese de doutorado sobre O conceito de amor em
Agostinho, concluída quando ela tinha vinte e três anos de idade. Aquele início ao qual a frase alude, garantido por cada novo nascimento, foi mencionado na segunda edição de As origens do totalitarismo como uma réplica à sua própria conclusão pessimista da primeira edição, que apontava para a possibilidade de que o totalitarismo não encontrasse qualquer obstáculo na sociedade moderna de massas; e foi utilizado em A condição humana para a compreensão do conceito de ação como instauração de um novo começo, de um início absoluto como um milagre.
No final de 2005, completaram trinta anos da morte de Hannah Arendt e em outubro de
2006 comemora-se o centenário de seu nascimento. Ela mesma dizia, em sua obra A condição humana, que a despeito de a mortalidade ser a experiência fundamental ao pensamento metafísico, ao pensamento político, que a interessava antes de tudo, é fundamental um outro evento: a natalidade, ou seja, o fato de que com cada novo nascimento a promessa de instauração do novo no mundo reforça a confiança de que a política sempre poderá ser livrada dos pretensos absolutos, sempre prontos a declarar o fim da história. Não é, portanto, algo excêntrico o fato de que ela tenha deixado em sua máquina datilográfica no dia de sua morte duas epígrafes, sendo uma delas a frase de Catão: “A causa vitoriosa agradou aos deuses, mas a derrotada agrada a Catão”. Um romano em defesa da derrotada causa republicana, Catão diz preferi-la à vitória do império de César – assim se traduz em seu fundamento mais básico o pensamento de
Hannah Arendt, que nisto se irmana a Walter

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