Hanna Arendt e Kant
A chave proposta por Hanna Arendt durante a 11ª lição sobre a filosofia política de Kant, é a de elucidar a distinção entre o espectador e o ator, em seguida, na 12 ª lição, a autora discorre sobre a questão que envolve a “operação de reflexão” e junto a isso se soma na 13ª lição, a ideia que Arendt apresenta do gosto como uma espécie de sensus communis. Além disso, a autora traz a discussão sobre a Crítica do juízo como sendo uma ideia de finalidade.
Ao colocar a questão da Revolução Francesa, Arendt distingue a situação entre aqueles que observam o curso do mundo e aqueles que atuam sobre ele. E, segundo ela, o papel do espectador é preponderante e ocupa uma posição de imparcialidade para com o que está sendo observado, e ao julgar a Revolução Francesa, não são tanto as ações que nela tem lugar o que importa para Kant, mas sim o efeito que ela provoca nos espectadores, ou melhor, é o efeito que ela provoca no modo de pensar. De modo que não se deve ter nenhum interesse ao julgar. Nesse sentido, “um fenômeno a não ser esquecido, não eram os feitos ou os erros dos atores, mas as opiniões dos espectadores, a aprovação entusiástica de pessoas que nela (Revolução Francesa) não estavam envolvidas.” (Pag. 84)
Além disso, julgar, e declarar publicamente o juízo, são ambas atividades políticas, de modo que o espectador se vê envolvido, em alguma medida, na ação.
Com isso surgiu para Kant novamente um questionamento acerca da Crítica do juízo, sobre qual seria a qualidade mais nobre: saber como fazer ou saber como julgar? E de acordo com Arendt, o que levou Kant a produzir a Crítica do juízo foi a Crítica do gosto. Por isso a autora passou a se perguntar o porquê de o fenômeno citado anteriormente deriva do sentido do gosto e não dos sentidos mais objetivos, incluindo a visão, qual seja, o mais objetivo de todos os sentidos. Explicando que tornara-se o veículo do juízo porquê além do olfato, somente o gosto é capaz de discriminar