Hall Lindzey e Campbell
INTRODUÇÃO E CONTEXTO
As teorias psicanalíticas da personalidade formuladas por Freud e Jung foram nutridas pelo mesmo clima positivista que moldou o curso da física e da biologia do século XIX. O indivíduo era visto principalmente como um sistema complexo de energia que se mantinha por meio de transações com o mundo externo. Os propósitos finais dessas transações eram a sobrevivência individual, a propagação da espécie e o contínuo desenvolvimento evolutivo. Os vários processos psicológicos que constituem a personalidade atendem a esses fins. Segundo a doutrina evolutiva, algumas personalidades estão mais bem preparadas do que outras para realizar essas tarefas. Consequentemente, o conceito de variação e a distinção entre ajustamento e desajustamento condicionaram o pensamento dos primeiros psicanalistas. Até a psicologia acadêmica entrou na órbita do darwinismo e preocupou-se com a mensuração das diferenças individuais nas capacidades e como o valor adaptativo ou funcional dos processos psicológicos.
Ao mesmo tempo, outras tendências intelectuais que discordavam de uma concepção puramente biofísica do ser humano estavam começando a tomar forma. Durante os últimos anos do século XIX, a sociologia e a antropologia começaram a emergir com as disciplinas independentes, e seu rápido crescimento durante o presente século foi fenomenal. Enquanto os sociólogos estudavam os seres humanos vivendo em um estado de civilização avançada e consideravam-nos como produtos de classe e casta, instituições e cultura popular, os antropólogos se aventuraram em áreas remotas do mundo, onde encontraram evidências de que os seres humanos são quase infinitamente maleáveis. De acordo com essas novas ciências sociais, o indivíduo é principalmente um produto da sociedade em que vive. A personalidade é moldada mais por circunstâncias sociais do que por fatores biológicos.
Gradualmente, essas doutrinas sociais e