haha
4ª) “Fez tudo À MÃO ou A MÃO”?
Houve época em que eu afirmava que à mão não teria o acento da crase se apresentasse a ideia de “instrumento”. Confesso que sempre pensei assim:
“Se escrevo a lápis (= masculino), também escrevo a caneta (= feminino)”;
“Se o carro é a álcool (= masculino), será também a gasolina (= feminino)”;
“Se matou a tiros (=masculino), também matou a bala (=feminino)”.
Depois de tantas críticas e de muita pesquisa, resolvi mudar de opinião. Os argumentos são fortes. Afinal era muita gente boa contra mim: o grande mestre Adriano da Gama Kury, o professor Luiz Antônio Sacconi, o meu amigo Pasquale Cipro Neto, Eduardo Martins, do Manual do Estadão, e muitos outros mestres, leitores e amigos.
Vejamos o que diz o professor Adriano da Gama Kury:
“Desde tempos antigos da nossa língua se vêm usando com acento no a (ou com dois aa, quando ainda não era generalizado o uso dos acentos) numerosas locuções adverbiais e prepositivas formadas por substantivos femininos, tais como à custa de, à força, à toa, à vela, às pressas, às vezes e tantas mais.
Certos autores, comparando algumas destas locuções com outras formadas de substantivos masculinos, verificam, nestas últimas, a ausência do artigo em muitos casos: a custo, a dedo, a esmo, a prazo, a remo, a troco de etc., e concluem apressadamente que, em vista disso, as locuções com substantivos femininos não devem acentuar-se, uma vez que “não existe artigo”.
(…) Esquecem tais autores que em outras locuções de substantivos masculinos ocorre o artigo: ao lusco-fusco (tal como à tarde), ao redor (tal como à roda, à volta), aos bocados (tal como às carradas)…
Além disso, cumpre levar em conta estes dois fatores que aconselham a utilização do acento no a nas locuções com nomes femininos:
1º) o uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa língua;
2º) a pronúncia aberta do a, em Portugal, nessas locuções, tal como qualquer a resultante de crase –