HABITAÇÃO EVOLUTIVA
A qualidade da habitação manifesta-se por atributos físicos e psicológicos. Pedro (2000) propõe sete grupos de variáveis com o objetivo de avaliar a qualidade habitacional. São exigências: de habitabilidade, de segurança, de uso (adequação espacial-funcional, articulação e personalização), estéticas e de economia. A personalização, que é visualizada por espaços que permitem apropriação e adaptação, é a característica focalizada no presente artigo.
Destaca-se a importância da consideração da flexibilidade arquitetônica na habitação de interesse social, sendo a tipologia enfocada a moradia unifamiliar edificada de forma isolada no lote. O objetivo do artigo é organizar um conjunto de diretrizes para projeto que possibilite a adaptação facilitada, adequada e harmoniosa da moradia ao longo de sua vida útil. O estudo baseou-se na literatura especializada e no levantamento de inadequações e dificuldades observadas em dois conjuntos habitacionais e quatro casas experimentais, em cidades do interior do Estado de Mato Grosso. Ao final do trabalho as diretrizes obtidas são analisadas ao mesmo tempo em que se questiona o modelo de desenho típico dos espaços domésticos.
Uma habitação é considerada polivalente ou evolutiva quando, dada a maneira como foram concebidos os seus espaços, permite alterar os usos dentro dela, ocupá-la de maneiras variadas, distribuindo as funções diferentemente (Rosso, 1980). Embora o termo enfatize a expansibilidade das residências, os termos habitação flexível ou habitação adaptável1 são utilizados com o mesmo propósito.
As ideias relacionadas às habitações e edificações flexíveis em geral apresentam vários registros na literatura, com casos citados, desenvolvidos a partir do século dezenove2. Ao longo dos anos, muitas propostas incluíram o uso da pré-fabricação industrializada, como o exemplo da Figura 1, sendo a flexibilidade concordante com os princípios chave da ideologia Modernista (SCHNEIDER; TILL, 2005).