Habitacao social no brasil
Nos últimos trinta anos, cerca de 5,5 milhões de famílias brasileiras tiveram acesso à casa própria através do Sistema Financeiro da Habitação - SFH. Em especial, famílias situadas na faixa de renda média da população. Esse sistema foi criado pelo governo brasileiro com o objetivo de oferecer financiamento, de até 25 anos, para a construção e aquisição de moradia. Nesse mesmo período, as famílias de renda inferior a três salários mínimos (R$ 360,00), que constituem a maior parte dos brasileiros, absorveram menos de 3% dos recursos originários do SFH. O déficit habitacional - indicativo da necessidade de novas moradias - concentra-se nessa faixa de renda. Essas famílias buscaram, então, para o "sonho da casa própria", alternativas como a aquisição de imóveis em loteamentos periféricos, geralmente clandestinos e sem infra-estrutura; a ocupação ou aluguel de barracos em favelas, áreas de risco ou de proteção ambiental; ou, ainda, o aluguel de cômodos em cortiços, contribuindo para a deterioração sócioambiental do espaço urbano. Estudo recente da Fundação João Pinheiro, contratada pelo Governo brasileiro, estimou o déficit habitacional do Brasil, em 1995, em 4 milhões de novas moradias urbanas e 1,6 milhão de novas moradias na área rural. Da necessidade de moradias urbanas, 55% referem-se a famílias com renda mensal de até dois salários mínimos, 29% a famílias com renda mensal de dois a cinco salários mínimos e 16% a famílias com renda superior a cinco salários mínimos. Na área rural, a concentração da necessidade de moradias na faixa de até dois salários mínimos cresce para 78%, enquanto na faixa de dois a cinco salários mínimos é de 16% e naquela acima de cinco salários mínimos é de apenas 6%. O déficit habitacional brasileiro tem origem em alguns fatores, dos quais se destacam: - a absorção de parcela reduzida da população pelos segmentos mais produtivos da economia e excessiva concentração de renda; - o padrão de estrutura urbana marcado