Gótico

Pereira, Paulo. (1995). História da História do “Gótico Português”. In História da Arte Portuguesa (4.a ed.). Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 339-368.
Em Portugal, o Gótico colidiu com os séculos XII e XIII e com a fase monárquica de D. Afonso Henriques, que com as suas conquistas a sul fazia com que este estilo arquitectónico se fosse apoderando do território, deixando a sua marca em edifícios maioritariamente religiosos. A arte subjacente a estas obras edificadas é retida como objecto de estudo teórico, segundo o autor, pelo desconhecimento da sua origem. “será uma invenção pura? (...) mudança civilizacional? (...) pressupostos políticos e ideológicos?”. O facto é que a intervenção que precedeu o Românico se dedicou a inovar nos campos simbólicos, religiosos e estruturais, deixando uma herança de técnicas construtivas consideradas um avanço técnico de grande dimensão na construção (pp. 339-340).
A arquitectura gótica revelou-se pelas características estruturais que apresenta e pela qual se identifica num primeiro plano. A introdução dos arcos ogivais ou de volta quebrada, trouxe soluções a nível estrutural pela capacidade de suportar pesos excessivos de cúpulas e abóbadas. Estas medidas fizeram a espessura das paredes diminuir significativamente e como consequência a possibilidade de abrir largos vãos e possibilitar uma maior entrada de luz. A rosácea passou a ser um elemento constante nas catedrais e outros edifícios eclesiásticos, assim como os vitrais (p. 340).
O distanciamento que o Gótico leva do Românico é claramente visível na divisão dos interiores. O primeiro privilegia a verticalidade, transformando os pilares nos elementos divisórios e apostando na criação de galerias a meios pisos. A nave de uma igreja continuava a ser a área de foco principal e o Gótico realçou este aspecto com a abertura de vãos nas paredes interiores que davam importância de trajecto visual até ao altar. Toda a composição trazia, no entanto, “uma qualidade linear, regrada e