Gêngis Khan
Ele ficou marcado por sua fúria em combate. Hoje uma nova faceta do líder mongol ganha força: a de hábil e visionário administrador do comércio internacional
Texto Flávia Ribeiro | Ilustração Eduardo Nunes | 17/08/2011 17h34
Nômade, pobre e analfabeto, Temujin nasceu e cresceu nas estepes da Mongólia na Idade Média. Tinha por volta de 13 anos quando planejou e executou o assassinato do meio-irmão, Begter, pouco mais velho que ele. Recrutou o irmão mais novo, Khasar, para juntos matarem Begter com duas flechadas certeiras: Khasar atirou pela frente e Temujin pelas costas. Ele já não aguentava ter que se submeter a Begter - que, desde a morte do pai (supostamente envenenado), assumira o comando do pequeno clã familiar. A gota d’água foi a disputa por uma cotovia caçada por Temujin, quando Begter se valeu de sua recém-conquistada posição de chefe da família para comer a caça do mais novo.
Temujin se tornaria Gêngis Khan, o homem que nunca aceitou se submeter à vontade de outros. "Ele nasceu num mundo muito duro. Viu cedo que precisava lutar para sobreviver. Não poderia ceder poder ao irmão. Não poderia ceder poder a ninguém", analisa o antropólogo Jack Weatherford, professor da Macalester College, de Minnesota (EUA), autor de Gengis Khan e a Formação do Mundo Moderno e The Secret History of the Mongol Queens: How the Daughters of Genghis Khan Rescued His Empire (Crown Publishers, 2010).
Lembrado como o conquistador bárbaro e cruel que dominou toda a Ásia, o Oriente Médio e a Europa Oriental no século 13 ao custo de milhares (ou milhões) de mortos, Gêngis Khan foi, mais do a imagem de sanguinário, o homem que lançou as bases da globalização ao ligar o mundo ocidental ao oriental de forma nunca vista antes. "Ele começou o primeiro grande sistema de comunicação e comércio internacional da história. Gêngis Khan estabeleceu as fundações do mundo moderno", afirma Weatherford.
No Império Mongol, que ele levou 20