Gêneros literários
Paratodos
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro
Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas
Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro
Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto
Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista
O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro.
(BUARQUE, Chico. Paratodos. Marola Edições Musicais Ltda. 1993. Disponível em . Acesso em: 13 ago. 2011.)
Quanto à construção identitária do “eu-lírico”, é correto afirmar que:
Escolha uma:
a.
o “eu-lírico” considera-se superior às outras “raças” regionais, demonstrando seu caráter totalmente etnocêntrico;
b.
o “eu-lírico” julga-se brasileiro por apresentar características consideradas exóticas e excêntricas de determinadas regiões do país;
c.
o “eu-lírico” orgulha-se de ser brasileiro por não apresentar nenhum traço hereditário e artístico europeus;
d. o “eu-lírico” deseja ser o “outro” e, por sua posição etnocêntrica, recusa-se a aceitar-se como brasileiro de uma determinada região brasileira;
e.
o “eu-lírico” relativiza seus traços