Gênero e sexualidade através do Cineclube
O próprio conceito traz implícita a ideia de relação e a construção dos gêneros envolvendo o corpo, indicando corpos sexuados desde a infância. A discussão de gênero não está ancorada na polarização do biológico com o social. O caminho é desconstruir os binarismos e evitar esse tipo de polarização, natureza/social. O processo de constituição dos sujeitos não está dissociado dos corpos, uma vez que o gênero é constituído e instituído por múltiplas instâncias e relações de poder, e é nas relações sociais, atravessadas por diferentes discursos, símbolos, representações e práticas, que os sujeitos vão se construindo como femininos e masculinos. (Foucault, 1988, Fausto-Sterling, 2002, Louro, 2003).
Nas brincadeiras, as crianças transgridem as convenções sociais quando não são podadas pelos adultos. Os meninos também brincam de boneca, levam o bebê para passear de carrinho; brincam de casinha com as meninas e preparam comidinhas saborosas. Estas situações são cotidianas nas creches e pré-escola, e demonstram que as crianças pequenas ainda não foram totalmente tomadas por uma sociedade heteronormativa, que define um único modelo de feminino e de masculino ou de mulher e de homem, de menina e de menino.
A função de cuidar de crianças pequenas e educá-las tem sido destinada às mulheres, como se o simples fato de serem mães, tias e avós fosse suficiente para credenciá-las ao trabalho com crianças pequenas. No entanto, temos alguns estudos que mostram outras formas de construção cultural do feminino e do masculino, como nas relações entre crianças e adultos, entre meninas e meninos e entre a família e a instituição educativa (Gobbi, 1997, Cruz,