GÊNERO NO TRABALHO: UM OLHAR SOB A ÉGIDE DA TRAJETÓRIA DAS MULHERES DO TRÁFICO DE DROGAS NO RIO DE JANEIRO
Com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e no Ministério do Trabalho e Emprego (Bruschini, 2007), a intensidade e a constância do aumento da participação feminina no mercado de trabalho tem sido de grande relevância desde a metade dos anos 70. Levando em consideração o tráfico de drogas como forma de trabalho, a referida pesquisa foi motivada pelo crescente número de mulheres encarceradas no Brasil desde 1988, crescimento este de 132%, e pelo fato de que no ano 2000 mais da metade da população feminina sentenciada estava envolvida com o tráfico de drogas direta ou indiretamente. Barcinski levantou a hipótese de que a inserção de mulheres neste tipo de atividade poderia abarcar os mesmos motivos que acometiam os homens: dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal e desejo de ocupar uma posição de poder.
Por este motivo, sua pesquisa surge como ferramenta de investigação sobre a construção identitária e o papel femininos estabecidos neste espaço marcadamente masculino. Para tanto, foram realizadas entrevistas qualitativas com mulheres que já se desligaram deste tipo de atividade, considerando o risco que seria entrevistar mulheres em plena prática. A entrevista foi realizada com um grupo de oito mulheres entre 21 e 41 anos de idade que possuiam um histórico de envolvimento na rede do tráfico de