Gênero nas aulas de dança
Quando a questão a ser discutida é a dança, nos deparamos com o tema gênero e suas relações com o corpo. Temos fortemente enraizado alguns preconceitos e estereótipos estabelecidos ao longo dos anos pela nossa cultura que parecem serem tidos como normais e aceitos sem serem questionados ou refletidos.
Muitas pessoas ao lembrar-se de futebol irão idealizar automaticamente um menino de chuteira, calção e uma bola de futebol, e quando mencionada a dança irão direcionar seus pensamentos a uma menina, podendo ainda ter em mente a bailarina de sapatilha e colan rosa. Um pouco mais sutil e camuflado, mas tanto quanto discriminatório, é quando escolhemos a cor azul para o menino e a cor rosa para a menina. Quer dizer então que menino não dança e menina não joga futebol? Menino não pode usar a cor rosa e a menina a cor azul? Mas quem disse?!
Vivemos em uma sociedade, que mesmo subjetivamente, determina o que é considerado feminino ou masculino, criando estereótipos do qual são reproduzidos e assimilados por gerações, muitas vezes acriticamente. Essa feminilidade e masculinidade nada mais é que o conceito de gênero, havendo aqui a segregação de corpo e organismo visto que esse último não tem sexo e o primeiro é determinado socialmente, simplificadamente falando.
Segundo Louro “gênero refere-se ao modo como as diferenças sexuais são compreendidas numa dada sociedade, num determinado grupo, em determinado contexto” (apud SAYÃO, 2002/03, p. 05). Sayão (2002/03, p.05) ainda acrescenta dizendo “que não é propriamente a diferença sexual – de homens e mulheres – que delimita as questões de gênero, e sim as maneiras como ela é representada na cultura através do modo de falar, pensar ou agir sobre o assunto”.
Para melhor entender o conceito de cultura, Marilena Chauí (2000) diz que:
[...] Cultura passou a significar, em primeiro lugar, as obras humanas que se exprimem numa civilização, mas, em segundo lugar, passou a significar a relação que os humanos,