Gênero do cotidiano escolar
Quando se trata de gênero dentro da sala de aula, temos um universo complexo e variado, mas o que predomina ainda é uma visão de masculinidade expressada através da violência e completamente oposta da visão feminina onde a mulher é ligada a sensibilidade. Havia sempre a tendência de separar os meninos e as meninas ou te tentar encaixar os meninos e as meninas em padrões considerados certos para cada sexo. Muitos professores (as) ainda agem dessa maneira, tratando a menina como frágil, educada e delicada e o menino como bagunceiro, desatendo, mal educado.
A seguir veremos alguns exemplos retirados da pesquisa: Significados de gênero no cotidiano escolar de uma escola pública municipal de São Paulo, TELLES, Edna de Oliveira – USP.
“Muitas falas da professora Teresa em diferentes situações da sala de aula, reforçavam esses padrões como em uma situação onde ela falava sobre bom comportamento e citou como exemplo uma aluna, dizendo: “a Francielen4 é boazinha, calma e boa para a professora”. Em uma situação onde duas alunas trocavam bilhetes, a professora os rasgou e disse: “Está vendo meninas, por isso que vocês não aprendem matemática, só sabem tagarelar!”. Outras vezes, a professora tentava “encaixar” meninos e meninas em comportamentos considerados adequados para cada sexo como em um dia onde um aluno jogava papel nos outros e ela disse: “Luís, você é um homem, se comporte como tal!” ou dirigindo-se a uma menina sentada com as pernas abertas: “Senta direitinho, isso não é modo de uma menina sentar”. Em uma ocasião onde a professora contava a mim sobre um passeio pelas ruas do bairro, onde encontraram um cachorro quase morto com um pano amarrado no pescoço, disse: “... as professoras todas medrosas e as meninas também, nem chegaram perto. Mas aí o Bruno todo corajoso tirou a faixa do cachorro. Precisa ver a coragem dele, todo mundo elogiou”.
Segundo a autora na primeira situação a professora