Guilherme paulus
Há 40 anos, Guilherme Paulus fundou uma pequena agência de turismo para vender pacotes para metalúrgicos, a CVC — hoje, é um dos poucos bilionários do setor no mundo
São Paulo - É janeiro, a praia estava tranquila, a brisa bate morna, a água de coco está gelada. De repente, começa um burburinho. Ouvem-se vozes a distância. O barulho aumenta, até que se constata a chegada de uma multidão de pessoas uniformizadas, com camisetas amarelas e sacolas azuis.
A turma é liderada por um guia que também faz as vezes de cinegrafista. “Olha o sorriso”, ele berra para seus liderados, que sorriem de volta. Assim, não mais que de repente, o que era sossego se transforma em confusão: os recém-chegados tiram seus uniformes, deitam nas espreguiçadeiras, esbaldam-se com as latinhas de cerveja.
Felizmente, a farra dura pouco. Não demora para que o guia-cinegrafista ordene a retirada da tropa, que tem pressa para cumprir um roteiro predeterminado. Animados, os visitantes vestem seus uniformes e seguem para uma praia vizinha. O sossego volta, para ser interrompido horas depois com a chegada de uma nova leva de turistas de camiseta amarela.
Quem passou parte das férias em alguma das praias mais visitadas do litoral brasileiro certamente testemunhou uma cena parecida com essa — a camiseta amarela é, afinal, o item mais característico do uniforme dos clientes da CVC, a maior operadora de turismo do país.
Nunca se viajou tanto no Brasil: as estatísticas apontam 2011 como o ano que mais atraiu turistas estrangeiros, e em que mais brasileiros viajaram a lazer. Ninguém está aproveitando o momento do turismo brasileiro como a CVC. A empresa tem, hoje, um poder de fogo sem paralelo na história do setor.
Num típico dia de verão, 14 000 pessoas estarão hospedadas em hotéis sob os cuidados da CVC. Calcula-se que a turma da camiseta amarela ocupe metade dos quartos de resorts do Nordeste brasileiro. Seis de cada dez pacotes de viagem vendidos no Brasil