Guerra de Canudos

Até onde a loucura de um homem, juntamente à miséria de uma realidade de fome, seca e injustiça pode levar a mente de dezenas de pessoas a fugirem completamente da realidade e darem suas vidas por um sonho utópico? No filme Guerra de Canudos (1997), com direção de Sérgio Rezende, pudemos observar o personagem Antônio Conselheiro, interpretado pelo ator José Wilker, fazer com que dezenas de pessoas o seguissem, acreditando que o mesmo era uma espécie de messias que os levaria até a glória de um mundo utópico, onde não existiriam injustiças, operações e desigualdades.
Guerra de canudos é um filme que trata sutilmente o desequilíbrio provocado na mente humana sobre pressões extremas das adversidades encontradas pelos nordestinos no final do século XIX, tais como a fome, seca, miséria, violência e abandono político, que afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. O fanatismo religioso parece ser um tipo de fuga que o nordestino adota para suportar as dificuldades e acreditar em um futuro melhor. Outros aspectos do comportamento humano interessantes também são abordados no filme, como o socialismo estabelecido pelo Beato, a determinação em lutar por sua ideologia, além do poder da alienação religiosa.
Quem liderava este grupo era Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio conselheiro. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e os pecados republicanos, principalmente com a cobrança de impostos. Foi-se reunindo um grande número de pessoas que acreditavam que ele poderia lhes garantir uma vida melhor, enquanto migram de suas casas para a região de Canudos.
Em meio ao êxodo, o filme foca na relação de uma das diversas famílias, onde Luiza, a filha mais velha, se recusa a acompanhar os pais e sua irmã na peregrinação e acaba destinada a uma vida de prostituição. O filme destaca o quanto os seguidores do Beato Conselheiro, estavam dispostos a dar sua vida em troca do sonho da terra prometida,