Guerra da Secessao - Farid Ameur
Episódio determinante da história dos Estados Unidos, a Guerra da
Secessão marcou profundamente a consciência dos americanos e até hoje assombra sua memória coletiva. Em abril de 1865, após quatro anos de luta fratricida, a vitória total do Norte não só salvou a União, como também lhe deu um caráter indestrutível. Das cinzas da Confederação e da sociedade escravista do Sul nasceu um país unido e consciente de seu destino. Assim, ao consagrar definitivamente a unidade da nação americana, essa guerra marca com nitidez a primeira etapa de sua elevação ao nível de superpotência.
Frequentemente pouco conhecidos em muitos países, esses acontecimentos deixaram na mentalidade coletiva dos Estados Unidos um grande número de lembranças, dolorosas e dramáticas, que ainda hoje fazem vibrar o coração e inflamam a imaginação. Decorridos quase 140 anos desde os fatos, os túmulos estão sempre floridos, os campos de batalha são mantidos cuidadosamente, os episódios marcantes da crise são ativamente comemorados.
Portanto, não admira que personalidades lendárias como Lincoln, Lee e Grant ocupem um lugar primordial no panteão dos heróis americanos.
Ora, apesar do mosaico de interpretações que nos são apresentadas desde o final das hostilidades, a gênese e as diversas peripécias da secessão continuam a suscitar perguntas. Por que a construção dos “Pais Fundadores”, tão louvada pelo liberalismo de suas instituições, oscilou a ponto de ficar em risco mortal? Por que os americanos, surpreendidos em pleno crescimento, vieram a se dilacerar numa atroz guerra civil? Foi a escravidão o motor da desunião? Em suma, são muitos os pontos que precisam ser examinados à luz dos últimos dados de pesquisa para explicar claramente o maior confronto ocorrido em solo americano. Por fim, a grande questão consiste em perguntar por que o raciocínio e o espírito de conciliação dos contemporâneos tiveram de ceder lugar ao ódio e obrigaram irremediavelmente os Estados