Grupo de discussão
Wivian Weller
Universidade de Brasília
Resumo
Trabalhar com grupos juvenis de contextos interculturais e sociais distintos àquele do pesquisador exige cuidado e rigor no procedimento e na escolha dos métodos a serem utilizados para a coleta de dados, assim como uma preparação para o trabalho de campo. Mesmo assim, o pesquisador será confrontado com códigos de comunicação e estilos de vida que lhe são alheios. A decodificação desses sistemas exige uma espécie de imersão do pesquisador no meio pesquisado e um controle metodológico permanente do processo de interpretação, de forma a evitar vieses ou afirmações distorcidas sobre a realidade social de seus entrevistados. Nos últimos anos, o número de dissertações e teses sobre infância e juventude tem aumentado consideravelmente. No entanto, pela necessidade de entregarmos os trabalhos nos prazos estipulados ou por atribuirmos ao referencial teórico maior grau de importância, poucas vezes nos dedicamos a reconstruir a trajetória percorrida durante a fase de coleta e análise dos dados empíricos e a justificar as escolhas teóricometodológicas realizadas. O presente artigo reconstrói o percurso de uma pesquisa de campo realizada com jovens em São Paulo e em Berlim, apresenta os instrumentos utilizados na coleta de dados e analisa o emprego dos grupos de discussão como um método de pesquisa que privilegia as interações e uma maior inserção do pesquisador no universo dos sujeitos, reduzindo, assim, os riscos de interpretações equivocadas sobre o meio pesquisado.
Palavras-chave
Pesquisa qualitativa — Grupos de discussão — Grupos focais — Adolescência — Juventude.
Correspondência: Wivian Weller Faculdade de Educação - Unb Depto. Teoria e Fundamentos Campus Univers. Darcy Ribeiro 70910-900 – Brasília – DF e-mail: wivian@unb.br
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.2, p. 241-260,