Greve dos Operarios-Encontro de Sumaré
Pela primeira vez desde o golpe militar, as questões operárias ganharam a cena política nacional. Os militares acusavam infiltração comunista no movimento e a oposição saiu em apoio dos grevistas, que puderam comemorar outra vitória inédita: apesar de não conseguirem os índices reivindicados, obtiveram aumentos salariais acima dos oferecidos inicialmente pelos empregadores.
Depois daquele 1978, o movimento operário não seria mais o mesmo. As mobilizações atingiram diversas categorias e estados, em centros importantes como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Mas é de novo no ABC paulista, entre os metalúrgicos, que novas situações colocam a luta dos trabalhadores e pela democratização do país em outro patamar. As reivindicações do ano seguinte traziam novidades: além do reajuste salarial, pediam também a garantia de emprego e a presença de delegados sindicais no interior das empresas. Em 12 de março de 1979 – em plena transição presidencial, com a chegada ao poder do general João Figueiredo –, mais de 50 mil metalúrgicos decidiram entrar em greve. Grandes empresas, como a Ford e a Volks, amanheceram paralisadas no dia seguinte. Imediatamente espalhada para o interior do estado, a greve foi considerada ilegal pelo governo, mas em seu quarto dia já contava com cerca de 170 mil trabalhadores paralisados.
Diante de um movimento de tais proporções, restou ao governo tentar negociar. O Ministério do Trabalho propôs criar uma comissão tripartite para estudar o reajuste num prazo de 45 dias, proibir a demissão dos grevistas e parcelar o desconto das horas paradas. Reunidos em assembléia, 80 mil metalúrgicos em São Bernardo, 30 mil em Santo André e seis mil em São Caetano recusaram a proposta. Foi a gota d’água para os militares: no dia 23 de março, o governo decretou a intervenção nos sindicatos, dando início a dias tensos. Por diversas vezes, a massa de trabalhadores quase partiu para o enfrentamento com