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REVISTA MAGIS
CADERNOS DE FÉ E CULTURA
Número 29 – ano 1998
NOVA ERA E CRISTIANISMO
NOVA ERA: SEUS DESAFIOS À FÉ CRISTÃ
J. B. Libânio, S.J.
Uma rajada de movimentos espirituais tem atravessado o Primeiro Mundo e as camadas lustradas do Terceiro Mundo ocidental (1). Tanto mais surpreendente, quanto mais os profetas da Morte de Deus da década de 70 tinham anunciado um silêncio sepulcral a respeito de Deus. No seu diagnóstico, o mundo moderno se cansara dos discursos de Deus e na sua audaz autonomia ia desfazendo, um por um, os rincões habitados pelo Divino.
Nada acontece na história por puro acaso, apesar de fatores aleatórios. Os abalos sísmicos são anunciados pelo sistema metereológico das causalidades. Cabe-nos perguntar o por quê dessa onda espiritual, da qual a Nova Era é uma das expressões mais significativas. I. Contexto do surgimento da Nova Era
Hoje ninguém duvida que um movimento, por mais espiritual que seja, esteja articulado, como resposta ou como resultado, a fatores econômicos, políticos, culturais e religiosos. Importa, portanto, conhecer o contexto da Nova Era.
1. Impotência diante do Sistema neoliberal globalizado
Quando o entusiasmo político, os movimentos revolucionários, as grandes utopias sociais ainda estavam no horizonte, não havia espaço para uma onda espiritual absorvente, como a Nova Era. Sobretudo a juventude estava engajada e animada por esperanças de transformação da realidade. O final da década de 60 significou o ponto alto de tal movimentação. Pouco a pouco, as luzes foram-se apagando. A vitória da revolução sandinista no final da década de 70 ainda mantinha acesas algumas velas de luta por uma sociedade alternativa. O Documento de Puebla daquela época propunha uma série de opções de caráter profético e alentador: Opção pelos pobres, pelos jovens, por uma ação da Igreja junto aos construtores da sociedade pluralista na América Latina, em favor da dignidade pessoa. No fundo, estava a