Graduando

bernardo santos

“ inha curiosidade desde que entrara para a faculdade, era descobrir o motivo pelo qual a "ambientação de interiores" - na época chamada de "decoração"- não condizia com a qualidade da nossa arquitetura já então mundialmente conhecida. Não só por razoes pro ssionais, pois já estava engajado num "ateliê de decoração", ou mesmo pelo interesse que a posição de auxiliar de ensino na faculdade me despertava, passei a freqüentar lojas, antiquários, o cinas, brechós, en m, analisando tudo que me poderia levar a alguma solução relacionada a arquitetura moderna e a ambientação no brasil. Já ouvira falar de tenreiro. Por diversas vezes parado na vitrine de sua loja, admirava aqueles modelos diferentes, com uma pinta de coisa antiga, familiar, de uma pureza encantadora. dispostos entre tapetes, quadros, luminárias e esculturas, num ambiente sóbrio mas quente, os moveis sobressaiam como personagens bem aventuradas. A primeira vez que entrei numa fabrica de moveis verdadeira, fui levado por Johann Hirth para visitar a de seu pai na rua Riachuelo - a famosa Laubisch & Hirth. Odores meus conhecidos de madeiras, colas, vernizes, sons os mais diversos de serras e tupias, em plena atividade me transportaram a infância, mais precisamente à o cina Hobby de meu tio bisavô, de quem herdei a paixão pela madeira. Uma emoção forte me estremeceu. Mais adiante, entre dezenas de "preciosidades" retiradas de um "cofre forte" (monumental mapoteca) pelo velho Georg Hirth, destacava-se uma folha de papel craft com um desenho singelo a lápis, acentuado por toques de cores primarias... -Isso é do tenreiro, é uma cadeira projetada ha uns sete anos para uma obra do Niemeyer em minas. A segunda emoção eclodiu! Ali havia encontrado o elo que me poderia levar a uma solução mais próxima da meta que buscava. algo mais condizente com a nossa brasileira-maneira-de-ser, apontando para a ambientação moderna no nosso pais.

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Relato sobre o Mestre da Madeira por Sergio Rodrigues