Governança corporativa
Seguramente, governança corporativa não é um modismo a mais. Seu desenvolvimento tem raízes firmes. E sua adoção tem fortes razões para se disseminar. Organizações multilaterais, como as Nações Unidas e a OCDE, vêem as boas praticas de governança corporativa como pilares da arquitetura econômica global e um dos instrumentos do desenvolvimento, em suas três dimensões – a econômica, a social e a ambiental.
O divorcio entre a propriedade e a gestão acarretou mudanças profundas nas companhias: a) a propriedade desligou-se da administração; b) os “capitães de industria”, fundadores-proprietários, foram substituídos por executivos contratados; c) os objetivos corporativos deixaram de se limitar à maximização de lucros; e d) varias inadequações e conflitos de interesse passaram a ser observados no interior das corporações. Mas foram exatamente os conflitos de interesses não perfeitamente simétricos que levaram à reaproximação da propriedade e da gestão, pelo caminho da difusão e da adoção de boas práticas de governança corporativa.
A governança corporativa desenvolveu-se como reação aos oportunismos proporcionados pelo afastamento dos proprietários passivos. Entre os trabalhos pioneiros, evidenciando os conflitos entre proprietários e gestores e a ascensão da tecnoestrutura da organização como novo fator de poder, destacaram-se os de Berle e Means (1932) e os de Galbraith (1967). Um examinou o desalinhamento entre proprietários passivos e não proprietários usufrutuários. Outro destacou como os gestores, controladores de complexa tecnoestrutura organizada, tornaram-se o fator mais importante de sustentação do mundo corporativo: a inteligência organizada passou a substituir o empreendedor franco-atirador.
Entre acionistas e gestores passaram a ocorrer e a se aprofundar como o correr do tempo conflitos de interesse decorrentes da pulverização do capital e do divorcio propriedade-gestão. A teoria já consagrada de governança