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Disciplina: Português
Ensino Secundário: 12º ano
Assunto: Alberto Caeiro
Docente: Ana Oliveira
ALBERTO CAEIRO
Todos os “sujeitos poéticos” pessoanos consideram Caeiro como “o Mestre”, porque ele é o único que consegue atingir a paz, a tranquilidade e a serenidade através da recusa do pensamento e do privilegiar do sentir: “Eu não tenho filosofia, tenho sentidos”.
Na verdade, todos os “eus” poéticos pessoanos (ortónimo, Campos e Reis) são dominados, de uma ou outra forma, num ou noutro momento, pelo peso excessivo da razão, o que os impede de serem felizes. Assim, Pessoa ortónimo é incapaz de sentir, Álvaro de Campos, na sua fase abúlica, lamenta-se do seu vício de pensar (“Pára, meu coração! / Não penses! Deixa o pensar na cabeça!”) e Ricardo Reis controla as suas emoções através da razão para, utopicamente, não ser infeliz. (“(…) Não quieto nem inquieto meu ser calmo / Quero erguer alto acima de onde os homens / Têm prazeres ou dores”).
Caeiro eleva-se, assim, na constelação poética pessoana, porque descobriu o segredo da felicidade, ao recusar o pensamento e ao optar pelo concreto: “Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, / Sei a verdade e sou feliz”.
Os poemas de Caeiro estão reunidos em três coletâneas: O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos.
Os textos de Caeiro de O Guardador de Rebanhos põem a tónica na vertente bucólica e instintiva, evidenciando a linearidade da linguagem poética. É, pois, o heterónimo que mais radicalmente difere de Pessoa ele próprio, visto o seu universo poético ser linear, sem profundidade, despojado de toda a subjetividade de sentido. Caeiro pretende ser o “descobridor da Natureza”, negando que a natureza tenha significados ocultos. As coisas são o que são, resumem-se à sua aparência e ao poeta cabe aceitá-las como elas são, sem pensar, porque “pensar é não compreender…”. Para Caeiro, o mundo é claro, evidente, simplesmente é – ser é o único valor possível.