Gomes, P.C.C. Racionalismo e legitimidade científica: o caso do determinismo. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1996. P. 175-191
4307 palavras
18 páginas
Referência Bibliográfica:Gomes, P.C.C. Racionalismo e legitimidade científica: o caso do determinismo. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1996. P. 175-191
Racionalismo e legitimidade científica: o caso do determinismo
“O determinismo é talvez tão antigo quanto a faculdade de refletir. De fato, parece que atribuir o papel de causa a certas circunstâncias, e explicar os fenômenos como suas conseqüências diretas, supõe uma lógica de base muito simples. A estrutura de subordinação da linguagem reflete, por exemplo, esse gênero de raciocínio. Em outros termos, pode-se considerar que as raízes da reflexão determinista são de certa maneira inconscientes e inerentes à linguagem e ao pensamento.”(p.175)
“A ciência, em sua forma predominante desde o séc. XVIII, criou uma forte identidade entre o pensamento científico e a dedução determinista, muito embora esta identidade não se faça sem controvérsias. De um lado, os porta-vozes da tradição humanista nunca aceitaram uma ciência definida pelo determinismo e sempre combateram esse modelo. De outro, o determinismo científico tomou formas múltiplas e é, portanto, difícil falar de um determinismo único na ciência. O determinismo é sem dúvida uma noção central para a ciência racionalista, mas seus limites, importância e conteúdo são sempre objetos de grandes debates.”(p.175-176)
“A análise de algumas conseqüências e limites impostos pela idéia do determinismo na ciência pode nos ajudar a melhor compreender o que está em jogo nestes debates. Antes de tudo, a abordagem determinista considera que todo acontecimento ou estado é o produto direto de causas externas atuantes. De certa maneira, a causa que funda o fato define também a capacidade de reproduzi-lo e de prevê-lo. O futuro aparece nesse caso como reduzido, circunscrito pelo presente. O sujeito conhecedor opera ordenando os fatos, criando cadeias lógicas e um modelo racional. A realidade última se situa na explicação que une dos fatos entre eles. A