Goldman
159
Saba Mahmood
160
Teoria feminista, agência e sujeito liberatório
ALTERIDADE E EXPERIÊNCIA: ANTROPOLOGIA E TEORIA ETNOGRÁFICA
Marcio Goldman
Partindo da noção de experiência, tal qual proposta por Godfrey Lienhardt no início dos anos 60, este artigo pretende discutir a natureza da perspectiva antropológica a partir da relação entre os saberes que os antropólogos manuseiam e aqueles das pessoas com as quais trabalham. Trata-se, fundamentalmente, de demonstrar que o ponto central do empreendimento antropológico é a construção de teorias etnográficas, construções que não se confundem nem com as teorias nativas, nem com possíveis teorias científicas. PALAVRAS-CHAVE: crença, experiência, história da antropologia, religião, teoria antropológica, teoria etnográfica .
Eu gostaria de iniciar esta aula Ernesto Veiga de Oliveira (2005) agradecendo
àqueles que gentilmente me convidaram para proferi-la António Medeiros, Antónia Lima e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) como um todo , bem como ao Instituto de Ciências Sociais (ICS), da Universidade de Lisboa, por ter possibilitado minha estadia em Lisboa com a concessão de uma Bolsa Luso-Afro-Brasileira.1 Eu gostaria, também, de dizer que proferir esta aula é, para mim, motivo de grande honra. Mas também motivo de alguma ansiedade e preocupação, uma vez que, de acordo com as regras, ela deve ser, ao mesmo tempo, uma aula inaugural para os novos alunos do curso de antropologia e uma espécie de conferência para os membros do departamento e isso em apenas 50 minutos! Decidi, então, apelar para um recurso ao qual todo antropólogo tende a recorrer em situações dessa natureza: discutir aquela que é, simultaneamente, a mais básica de todas as questões com que trabalhamos e uma das mais difíceis, com a qual começamos nossos cursos introdutórios e, ao mesmo tempo, que ficamos tentando solucionar, quase sempre sem sucesso, ao