Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1957)

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Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1957)

Ser humano é ser portador de um intenso conflito psicológico diário. Ao mesmo tempo que amamos de uma forma que nenhum outro animal que existe ou já existiu na Terra jamais foi ou seria capaz, somos individualistas, egoístas e cruéis como o mais terrível dos demônios (e não é à toa que a figura da pavorosa entidade representante das trevas possui características físicas tão humanas, apesar das assimetrias inerentes a um ser sobrenatural).

E como titulares desse paradoxo de difícil resolução, instituímos normas para minimizar os efeitos danosos da segunda corrente acima descrita (note: minimizar e não aniquilar). É então que surgem as leis, o convívio em sociedade e as punições para os infratores de suas “cláusulas”.

No entanto, por mais que tais condutas sejam logicamente indesejáveis, racionalmente degradantes, elas continuam intrínsecas à nossa natureza. E, como tudo que é lançado para debaixo do tapete por ser execrável pela voz da consciência, quando surge uma oportunidade, esse componente mórbido do pensamento humano se manifesta de forma muito mais forte, como uma rajada de balas.

Alguns ambientes apresentam uma estrutura coerente com a manifestação de tais índoles. Lá a voz da consciência é mascarada pela legitimação de regras de suposto comum acordo entre todos os homens, brechas do caráter mais adequado à vida em sociedade a fim de organizar uma defesa organizada em prol de algo que justifique qualquer meio para atingir o fim maior, seja qual ele for. Na obra de Kubrick, Glória Feita de Sangue, esse fim encontra eco em dois pontos: na defesa de um terrítório conquistado por um povo e no maior de todos os bens: a sobrevivência.

Falamos, é claro, de guerra e das medidas drásticas adotadas em tais períodos. Da instituição legalizada de uma organização composta por entes hierárquicos e que atribui maior poder a alguns humanos que outros – o exército. Em uma situação em que vida, morte, crueldade,

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