Globalização
Construir relações humanas baseadas na solidariedade era um desejo de Milton Santos. Ele propunha uma revisão da globalização, que deveria ser "mais humana" (2000:20), sem descartar a base técnica que sustenta a globalização econômica e financeira:
"a materialidade que o mundo da globalização está recriando permite um uso radicalmente diferente daquele que era o da base material da industrialização e do imperialismo" (Santos, 2000:164).
Essa é a proposta do geógrafo baiano: alterar o uso da base técnica criada para a circulação de capital para veicular valores humanos, para permitir uma efetiva integração de laços culturais distintos que permitam a construção do "acontecer solidário", como definiu (Santos, 2000).
Enfim, Milton Santos queria um mundo diferente. Sua visão otimista do futuro é expressa no trecho abaixo:
"Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos (...) bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade. Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização" (Santos, 2002:80).