Globalização
GLOBALIZAÇÃO, COMPETITIVIDADE
E TRABALHO*
Mónica Bendini
À GUISA DE APRESENTAÇÃO
Alguns dos propósitos do Seminário de Comparação Internacional1, que antecedeu este livro, foram possibilitar o intercâmbio teórico e oferecer o cenário para compartilhar resul-tados e práticas de investigação, com o objetivo de estreitar o vínculo entre ciência e sociedade. Nesta direção, nós, partici-pantes do Seminário, assumimos o compromisso de fazer uma leitura do “óbvio” a partir da ciência social crítica. O óbvio, nes-te caso, é a globalização e a competitividade, que necessitam ser questionadas quando são significadas, no discurso social gene-ralizado, como naturais, como partes centrais de um movimento único, homogêneo e inevitável.
Nos últimos anos, numerosos autores têm-se ocupado em desvendar o alcance teórico do conceito de “globalização” no discurso econômico, político e social. Entretanto, como afir-ma Mustafá Koc, a globalização não é simplesmente uma construção teórica, antes implicando processos históricos com-cretos, como também, a interpretação ideológica dos mesmos (Koc, 1992). Apesar de seu recente surgimento como vocábulo e sua utilização atual massiva, este fenômeno, enquanto pro-cesso, é inerente ao desenvolvimento capitalista, com diferentes características em cada fase e região. Diferenças estas dadas pelos regimes específicos de acumulação, pelos agentes de ex-pansão, pela conformação e a modalidade das forças sociais em oposição. Nos distintos cenários mundiais e na própria dinâmica social, os modos de acumulação e regulação nos sistemas agroa-limentares produzem reestruturações produtivas e moldam pa-drões de expansão. Na literatura aparece “o global” e “o local” como territórios econômicos e sociais de controle e resistência, enquanto categorias analíticas que se implicam, subsumem-se e/ou se opõem.
Outra suposição a respeito da globalização e os espaços de competitividade, é o de pensá-los unicamente determinados