Globalização e novas tecnologias
DE COMUNICAÇÃO
> O objetivo do presente artigo é tentar apreender a questão da globalização a partir de seus aspectos técnico-tecnológicos e culturais-civilizacionais. O processo é de natureza essencialmente tecno-organizacional, pois a particularidade da época contemporânea reside na rearticulação das relações sociais e de produção em torno das novas tecnologias de informação e de comunicação (NTICs). A especificidade dessas tecnologias consiste no deslocamento das instâncias de mediação política, econômica e social da dimensão espacial para a temporal, e a instituição do princípio da instantaneidade como base de regulação de nossa experiência significativa. A globalização diz respeito a um modo de inscrição das relações de sentido num novo quadro conceptual, marcado por uma temporalidade tecnológica e informacional inédita, cujos desdobramentos estruturais não são apenas de ordem organizacional, mas antes civilizacional, comparáveis às mutações decorrentes da Renascença ocidental.
Introdução
Mundialização ou Globalização?... A terminologia sofre de uma certa dose de incerteza como geralmente acontece nas novas áreas do saber. Enquanto em inglês, o conceito é reduzido a uma só palavra (“globalization” ou às vezes “globalisation”), as línguas de origem latina dispõem de dois termos-definições: “mundialização” e “globalização”. Em português como em espanhol, essa hesitação se traduz pela tendência a usar indiferentemente um ou outro. Já a literatura de língua francesa obnubilada por suas veleidades de resistência à hegemonia anglo-saxã, geralmente opta pela “mondialisation” em vez de “globalisation” - suspeita de anglicismo!... A questão, porém, não é apenas de ordem lexical ou etimológica, mas sim conceptual e teórica.
Mundialização, com efeito, não é globalização. É uma etapa que a precedeu e até a prenunciou de certo modo, sem todavia ter contido a totalidade de suas virtualidades ou esgotado o conjunto