Globalização e neoliberalismo
Esse ‘fenômeno’ que designamos globalização e que hoje toma o centro das discussões, ao contrário do que possamos imaginar, não é algo tão recente. Suas raízes remontam de longa data. Tampouco seus efeitos, que hoje sentimos mais do que nunca, são obra do acaso. Na verdade, para uma melhor compreensão, é indispensável resgatar o contexto histórico que nos trouxe até o presente estágio. Desde o tempo do mercantilismo, passando pelas grandes navegações e a descoberta da América, o desafio(e ao mesmo tempo o objetivo) da humanidade parecia ser o de possibilitar um sistema de trocas que pudesse envolver todos os atores do cenário global. Durante séculos ocorreram avanços generalizados que , todavia, não chegaram efetivamente a consolidar esse sistema. O ideário liberal, “doutrina segundo a qual a competição nos mercados é a mola do progresso e a insegurança decorrente da ampliação dos mercados é sempre superada pelas novas oportunidades oferecidas pelo crescimento ininterrupto da economia de mercado"(SINGER, 1997), ainda não estava suficientemente amadurecido no Estado moderno para ser implantado a nível mundial. Assim, durante a maior parte deste século triunfou a idéia de que era o Estado quem devia assumir as responsabilidade nas áreas de educação, saúde, seguridade e assistência, bem como cabia a ele controlar as relações de mercado, anulando suas imperfeições e garantindo o equilíbrio entre os agentes, de forma que o Welfare State (Estado de bem estar social) parecia ser, efetivamente, o caminho mais seguro de desenvolvimento eqüitativo. Todavia, as últimas três décadas trouxeram à tona a possibilidade real de reestabelecer o processo de globalização outrora retardado. Em boa parte, isso deve-se aos grandes avanços tecnológicos obtidos, de modo que as distâncias para as operações tornaram-se irrelevantes, mas é principalmente o resultado da adoção de idéias de cunho