Globalização e Integração do Estado
Karina Pasquariello Mariano
Nos anos 1980, e especialmente após o fim da Guerra
Fria, o sistema internacional baseado na lógica da bipolaridade desintegrou-se dando lugar a uma nova ordem mundial. Essa mudança trouxe em seu início uma série de incertezas quanto ao modo como esse sistema reencontraria seu equilíbrio e quais seriam as novas regras que regulamentariam a relação entre os Estados. Alguns aspectos fi caram claros desde o início: com o fi m da bipolaridade, as organizações internacionais ganharam maior importância, assim como as iniciativas de cooperação entre os países (entre elas os processos de integração regional); os Estados Unidos tornaram-se o principal ator do sistema internacional – embora no final dos anos
1980 ainda não fosse possível avaliar a extensão de seu papel hegemônico – e as relações entre os Estados seriam influenciadas pelo fenômeno da globalização.
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Este artigo baseia-se na minha pesquisa de pós-doutorado Nova Visão das Teorias de integração Regional. Um modelo para a América Latina, financiada pela FAPESP e desenvolvida junto ao Departamento de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Lua Nova, São Paulo, 71: 123-168, 2007
Globalização, integração e o Estado
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A globalização é um conceito que gerou intenso debate, desde que não há um consenso quanto ao seu significado e impactos. Alguns autores preferem analisar esse fenômeno a partir dos chamados aspectos materiais: fluxos de comércio, de capital e de pessoas facilitados por um contexto de avanço na comunicação eletrônica que parece suprimir as limitações da distância e do tempo na organização e na interação social.
Concordamos com a percepção de que a globalização representa uma “[...] mudança ou transformação na escala da organização social que liga comunidades distantes e amplia o alcance das relações de poder nas grandes regiões e continentes