Globalização e as empresas transnacionais*
Antonio Corrêa de Lacerda
A globalização da economia é evidenciada pelo crescente processo de internacionalização e interdependência entre os países. Grande parte dessa transformação decorre não somente de aspectos macroeconômicos, como a financeirização e a liberalização observada nas últimas duas décadas na economia mundial. Os aspectos de ordem microeconômica igualmente representam um fator de relevância no processo.
Nesse sentido, a análise da extraordinária expansão da atuação das empresas transnacionais se transforma em um dos principais aspectos para a compreensão dos desafios que se apresentam nessa nova fase do capitalismo.
O entendimento e análise das estratégias das empresas transnacionais são tarefas que exigem esforços interdisciplinares para abranger suas diferentes implicações.
As empresas transnacionais são as grandes indutoras dos investimentos diretos estrangeiros e do comércio internacional. Existem 65.000 empresas transnacionais no mundo, com 850.000 filiais, um patrimônio de US$ 25 trilhões, e que são responsáveis por 54 milhões de empregos diretos. Elas geram um faturamento de US$ 19 trilhões e perfazem 66% das exportações mundiais.
Entre outros aspectos, os dados revelam não só a dimensão que atingiram na economia mundial, mas também, e principalmente, denotam a forte e crescente associação que há, na economia atual, entre o fluxo de comércio e de investimentos. Isso implica que o processo de internacionalização das empresas também se constitui em importante fator de incremento do comércio internacional, com destaque para as operações intrafirmas.
Nesse sentido, a atuação das empresas na busca de novos mercados, assim como a liberalização das economias e a regionalização, são fatores importantíssimos a serem analisados sob as mais variadas ópticas e diferentes áreas do saber.
Nas últimas duas décadas, os fluxos de investimentos diretos estrangeiros, os de comércio e de tecnologia cresceram em