Globalização na educação
Uma tentativa de colocar ordem no debate
Autor: Bernard Charlot + páginas: 129 130 131 132 133 134 135 136 | pdf | próximo artigo »
A palavra Globalização passou a ser muito utilizada nos discursos sobre educação, às vezes de forma positiva – “na época da globalização tem que fazer isso...” - muitas vezes de forma negativa. No decorrer da História, o que se opunha à educação foi chamado de Diabo; nas décadas de 60 e 70, foi identificado como Reprodução; hoje em dia é simbolizado pela Globalização. Não estou dizendo que não devamos prestar atenção à globalização, muito menos que ela não traga problemas, mas que ao utilizar assim a palavra, misturam-se vários processos. Para se entender as relações entre Educação e Globalização, é preciso distinguir pelo menos quatro fenômenos, aqui enunciados e, a seguir, analisados.
Primeiro fenômeno: o fato de a educação ser pensada numa lógica econômica, fato esse que aconteceu nas décadas de 60 e 70, na época do Estado Desenvolvimentista, antes da globalização.
Segundo fenômeno: as novas lógicas socioeconômicas, que se impuseram na década de 80. As décadas de 60 e 70 levaram a uma crise. Essa “crise”, que, na verdade, foi uma mudança estrutural do capitalismo mundial, induziu, por um lado, novas lógicas econômicas e sociais e, por outro, uma aceleração da integração econômica internacional, designada como globalização. As lógicas da qualidade, da eficácia, da territorialização apareceram na década de 80, que foi também a década em que se desenvolveu a globalização, mas não nasceram desta. Não são filhas da globalização, são irmãs ou primas. É uma verdade que podem servir à globalização e ao neoliberalismo, mas podem também aprimorar um serviço público; de modo mais amplo, são lógicas de modernização.
Terceiro fenômeno: a própria globalização, integração entre as economias, e, portanto, entre as sociedades de vários países. Até agora, pouco incidiu sobre a educação, pelo menos em países como