Globalizacao:em direcao a um mundo so
HENRIQUE RATTNER
O
na Rodada Uruguaia do GATT; a criação da OMC Organização Multilateral de Comércio; os avanços e os recuos na implantação do MERCOSUL; as repercussões e esperanças despertadas pelas reuniões da APEC e da NAFTA: tudo tende a fortalecer na opinião pública a impressão de que estaríamos no limiar de um período de bonança devido à integração – ainda que competitiva – da economia mundial. Essa tendência é aclamada não somente como inelutável e irreversível, mas também como vantajosa e necessária para todos os países e suas populações, indistintamente. Internacionalizar, abertura total, privatizar passam a ser consideradas respostas mágicas para resolver os problemas da fome, do desemprego, das favelas, da violência, enfim, ter-se-ia redescoberto a via-mestra do desenvolvimento.
ACORDO ALCANÇADO
Um balanço mais objetivo dos resultados da política de abertura adotada nolens volens pelos países periféricos e endividados revela os efeitos perversos dessa liberalização, que deixa suas seqüelas sob forma de cortes impiedosos de postos de trabalho, queda dos níveis salariais - também nos países industrializados e a perda generalizada dos benefícios conquistados na época do welfare state, que está definhando. Em conseqüência, agravam-se os conflitos entre grupos de interesse que lutam por fatias decrescentes do produto social, multiplicados por choques entre grupos étnicos e religiosos longamente reprimidos, frustrados e desesperançados face à inoperância do sistema e das instituições. Efetivamente, à medida que a competição pelos mercados se acirra, os ricos e poderosos tornam-se mais soberanos e os pobres, em número crescente, mais miseráveis. Fator agravante desse processo de polarização e exclusão é constituído pela perda paulatina da capacidade do Estado de levantar recursos, via tributos e impostos, para atender às demandas cada vez mais urgentes, não somente das massas, mas também das classes médias