GLADIANDO COM MANDIGAS
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PREFÁCIOLEAL, Luiz Augusto Pinheiro. GLADIADORES DE ESCASSA MUSCULATURA: sociabilidade, literatura e responsabilidade intelectual na Amazônia. Belém: Instituto de Artes do Pará - IAP, 2014. 198p.
Gladiando com Mandigas
Agenor Sarraf Pacheco
Bruno de Menezes, Gentil Puget, Levi Hall de Moura, Nunes Pereira e Dalcídio
Jurandir, literatos paraenses de escrita refinada e engajada, teceram, no contexto do Estado
Novo, uma teia de relações políticas e socioculturais, cujas práticas de sociabilidade, humanidade e respeito entre si e pelo outro orientaram a luta empreendida em defesa do reconhecimento das culturas negras na constituição da história, memória e identidade brasileira, com destaque especial para o mundo amazônico. A bandeira que orientou o movimento foi a liberdade de culto afro-religioso em solo paraense.
Luiz Augusto Pinheiro Leal com sensibilidade, empenho e capacidade para reunir e interpretar variados documentos históricos, apreendidos como sinais visíveis e tangíveis que permitem reconstituir complexas experiências compartilhadas por distintos sujeitos sociais no passado contemporâneo, brinda-nos nesta refinada composição intelectual – parte significativa de sua tese de doutoramento, defendida em 2011 no Programa Multidisciplinar de PósGraduação em Estudos Étnicos e Africanos na Universidade Federal da Bahia – com a sistematização de um saber necessário para entendermos os rizomas da incansável batalha em prol dos direitos das populações afro-brasileiras em praticarem suas crenças, saberes e tradições. Em outras palavras, Augusto Leal, gladiando com mandigas, capta nas poéticas dos literatos paraenses a cosmologia que orientava o fazer humano e espiritual das “gentes de cor”.
Situando o estudo no chamado período do modernismo literário que, desde os anos 20, vinha problematizando diferentes convenções e centralidades no Brasil, o pesquisador, em caminhos abertos por outros historiadores, a exemplo de Aldrin Moura Figueiredo