GILBERTO FREYRE E A CASA GRANDE
Embora Gilberto Freyre sempre se apresentasse como ensaísta e jamais como pesquisador e de fato sua obra é um misto de literatura e ciência social, sem dúvida Casa Grande e Senzala se trata de um trabalho de grande importância para a sociologia, principalmente, a brasileira.
O livro de Freyre (1988) apresenta o encontro das três raças, onde o autor aborda as condições que levaram com que o português, visto como vencedor com suas conquistas se rendesse aos prazeres entre raças como forma de suprir a ausência de mulheres brancas e preencher o vazio sentimental de constituírem uma família; a possibilidade de miscigenação, foi uma consequência direta do encontro das três raças. Essa “facilidade” de miscigenar-se é a principal característica portuguesa: a plasticidade nas relações, colocando-o numa posição de grande mobilidade diante da assimilação intercultural.
Fundando assim, as bases do que Freyre vai chamar de “democracia racial”; a casa grande é como palco de encontro e miscigenação das três raças, ou seja, como espaço social privilegiado para a miscigenação e assimilação cultural do português, na medida em que a casa grande não se separa da senzala, mas a inclui em seus domínios, bem como a capela, a milícia e a escola constituem no núcleo das relações sociais do período colonial. Assim, a casa grande foi à expressão máxima do sistema político, econômico e social da época, que vão do patriarcalismo ao coronelismo e representa o poder da aristocracia rural.
Freyre rompe com as explicações naturalistas de superioridade da raça pura. Ao contrário, ele ressalta que a miscigenação criou o tipo ideal do homem moderno adaptado aos trópicos. Assim, a fraqueza atribuída ao brasileiro é muito mais uma questão histórica das condições sanitárias e alimentares do que uma questão de determinismo biológico;
Freyre sugere também uma predisposição do brasileiro a um tipo de prazer com a violência que de certa forma legitima um regime