Gil Vicente

Um auto de Gil Vicente de Almeida Garrett
- Ato primeiro
A ação decorre nos inícios do século XVI, iniciando-se com uma personagem, Péro Safio, ator que trabalha com Gil Vicente. Estes dois factos (o uso da história e a referência a Gil Vicente) mostram bem algumas das preocupações estéticas de Garrett. Nomeadamente, encontramos nestes pontos a preocupação romântica com a história nacional (nacionalismo) e o desejo de homenagear e valorizar o teatro português, através da figura do seu fundador.
Na segunda cena, surge a personagem Bernardim Ribeiro, a qual aparece “embuçado na capa”, elemento cénico que nos revela que esta personagem tem algo a esconder. Mais à frente ficamos a saber que esse segredo é de natureza amorosa e envolve a infanta D. Beatriz, que por sua vez está prometida em casamento ao Duque de Saboia. A infanta também ama Bernardim, mas este amor não se pode realizar, não só pela princesa portuguesa estar comprometida por vontade do rei, mas também porque não é possível na sociedade do século XVI, a realização de um casamento entre uma princesa e um nobre de baixa condição.
Está temática do Amor Impossível, é tipicamente romântica e desenvolve-se também através do par de Paula Vicente / Bernardim Ribeiro; neste caso, é Paula que ama Bernardim, mas não é correspondida, não podendo revelar os seus sentimentos por um homem pertencente a uma classe social mais elevada. Assim, verificamos que o tema do amor impossível, sofrido, causador de dor, capaz de conduzir o homem á morte e a mulher ao desespero, é um dos temas fundamentais deste texto dramático e romântico.
- Ato segundo
Garrett valoriza muito a figura de Gil Vicente dando-lhe um destaque cada vez maior, isto acontece porque um dos principais objetivos do texto é o de homenagear o fundador do teatro português, vendo-se Garrett a si mesmo como um continuador da obra Vicentina. Particularmente interessante é o facto de, em vários momentos do Auto, Garrett mostra Gil Vicente como personagem,