Ghost
A obra Homens e Algas, último livro de Othon D'Eça, mais do que um livro de memórias é um testemunho onde a ficção e a realidade se encontram numa coletânea de histórias curtas, vincadas pelo vivo contraste entre o cotidiano sofrido, miserável, desesperançado e os tons coloridos da paisagem exuberante. A obra que fala da vida dura dos pescadores de Florianópolis durante a primeira metade do século passado. Retrata o cotidiano sofrido e os obstáculos ultrapassados para a sobrevivência numa terra que, apesar de bela, não permitia desenvolver os métodos que aplicava-se em solo açoriano. Desvenda o modo de ser e de estar de um grupo de criaturas que arranca do mar o ultimo sopro da vida para sobreviver as investidas da pobreza.
Homens e Algas chama atenção pelo formalismo da linguagem e pela extrema sensibilidade com que um homem de formação refinada aborda a vida de privações dos pescadores de Florianópolis, em especial dos que moravam nas vilas do Continente, até então pouco habitadas. Destaca-se ainda pelo forte humanismo para com as personagens que são pescadores.
O livro é de 1957, mas começou a ser escrito em 1938, época em que o autor costumava descansar na casa de férias, na praia de Coqueiros, e criou o hábito de conversar com os moradores da redondeza.
Ao lado da excelsa beleza destas páginas destaca-se o documento humano, a crônica das condições aviltantes em que a vivia e ainda vive o pescador brasileiro. É toda uma população que vegeta à margem da sociedade, no submundo da pobreza, sem remédio, mas conformada com a sorte, debitando à vontade de Deus tudo o que provém das distorções de uma estrutura social injusta.
Para o autor, Homens e algas, como ele afirma em seu "Como um prefácio", é quase um livro de memórias "escrito com o intuito de gravar verdades vivas e amargas - que valem muito mais que os relevos dos frisos e as galas da imaginação". Vê-se ainda que ao fixar tipos humanos, linguagem, folclore e vida