Gestão Publica
Este artigo analisa a evolução das taxas de poupança e de formação de capital na economia brasileira no período 1999-2004, quando a poupançadoméstica bruta aumentou de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) para 23% do PIB e o Brasil sofreu um “sobreajustamento” externo. O artigo contesta o argumento de que há um esforço significativo ainda porfazer para que a economia possa atingir uma trajetória de crescimento sustentado. A reversão do balanço de pagamentos para níveis moderados de déficit em conta corrente, combinada com um ajusterelativamente modesto das contas públicas e com um pequeno aumento da poupança privada, pode elevar a formação bruta de capital fixo (FBKF) para 25% do PIB até 2010, ampliando as possibilidades decrescimento da economia. O desafio é como conseguir que esse potencial seja efetivamente viabilizado. O trabalho descreve os dados do aumento da poupança doméstica e decompõe as informações entre as fontes depoupança pública e privada, combinando informações pouco conhecidas das Contas Nacionais com a contabilidade fiscal do Banco Central (Bacen). 1 INTRODUÇÃO
Em 1987, escrevendo sobre umarealidade marcada pelos problemas que sucederam o surto de crescimento da economia brasileira no período 1984-1986, Carlos Von Doellinger e Regis Bonelli afirmavam que “a sustentação do crescimento daeconomia brasileira (...) requer a elevação da taxa de investimento (...) à medida que se esgotam as margens de capacidade ociosa existentes. Claramente, o crescimento [dos últimos anos] esteve baseado nacrescente utilização da capacidade de produção preexistente (...). Adicionalmente, em decorrência da redução da poupança externa, os anos recentes testemunharam uma transferência líquida de poupança dosetor privado para o financiamento do setor público” [Von Doellinger e Bonelli (1987, p. 59-60)]. Dificilmente se poderiam encontrar palavras mais precisas para descrever a realidade da economia...